A DOENÇA é
do Bem

Em nossa sociedade atual, muito já se caminhou na seara das
pesquisas científicas, no desenvolvimento de tecnologias avançadas, na intenção
de buscar a cura para as mais variadas enfermidades que podem acometer o ser
humano. Entretanto, há tempos, parece-me muito claro que se pelo menos um terço
desses esforços fossem direcionados a conhecermos nós mesmos, buscarmos
perceber a nossa relação com o mundo, com a vida, com os outros, teríamos
conquistado soluções infinitamente mais eficazes e baratas para a cura das
doenças. Creio que essa situação ilustra bem a
diferença entre o simples e o complicado. O ser humano tem uma mente que tende
para o complicado, quando a vida, que podemos conhecer se apenas pararmos para
observar um pouquinho a natureza e o equilíbrio perfeito do ecossistema, é tão
simples! Doença é desequilíbrio.
Partindo dessa
premissa, se o planeta entra em desequilíbrio, ele adoece. Disso, já estamos nos
dando conta claramente através de toda a sorte de mídia, nas escolas, nas
empresas, no planeta inteiro. Porque seríamos nós, seres humanos habitantes
atuantes e dependentes desse ecossistema, diferentes? A constatação é óbvia: se
entramos em desequilíbrio também adoecemos. Mas, doença e saúde são conceitos
que se referem a um determinado estado da
pessoa, e não a partes do corpo ou órgãos como se costuma abordar
atualmente. Doença é uma palavra que se pode apenas usar no singular, uma vez
que seu plural, doenças, fica tão sem sentido quanto o plural de saúde.
Ao constatarmos que as informações da
consciência se expressam no corpo físico, entendemos que ele nunca estará
somente doente nem somente saudável. O corpo nada faz por si mesmo, ele deve
seu funcionamento às instancias imateriais, não visíveis, a que podemos chamar
de alma, ou espírito, ou Consciência Maior e ao prana (energia vital). Para que o coração siga determinado ritmo, a
temperatura corporal seja mantida, as glândulas secretem os hormônios e os
anticorpos sejam produzidos, é necessário que haja um padrão de informação cuja
origem está na própria consciência. Quando essas várias funções corporais se
desenvolvem em harmonia, nos sentimos saudáveis; se uma função falha, a
harmonia é quebrada e, então, estamos doentes. A perda de harmonia, no
entanto, acontece na consciência mas se mostra no corpo. Por isso, deveríamos
dizer que o ser humano está doente e não que o corpo, ou partes do corpo, está
doente.
Assim que um
sintoma se manifesta no corpo de uma pessoa, ele chama a atenção desse ser
humano e, muitas vezes, interrompe a continuidade de forma de vida vigente até
então. O sintoma exige nossa atenção! E, normalmente, sentimos esse
desequilíbrio como se ele viesse de fora, mas o que frequentemente se manifesta
em nosso corpo como sintoma é a expressão visível de um processo invisível, que
deseja interromper nosso caminho, como um sinal de advertência, indicando que
alguma coisa não está em ordem.
No entanto,
a medicina atual parece estar encantada com os sintomas e, por isso, iguala o
sintoma à doença. Dessa forma, com todos os seus recursos e habilidades, trata órgãos
e partes do corpo, mas não o Ser Humano. Basta observarmos que o avanço na área
dos conhecimentos médicos não corresponde a uma diminuição da população doente.
As pessoas continuam tão doentes quanto foram antes das descobertas científicas
de nossos tempos, foram somente os sintomas que mudaram.
Algumas
abordagens psicológicas, por sua vez, acabam por tentar localizar um conceito
causal para o sintoma. Porém, as causas passadas são numerosas e igualmente
importantes e, ao mesmo tempo, sem importância alguma, pois o homem possui uma
Essência que não depende do tempo e que parece ter a necessidade de se manifestar de alguma forma
ao longo de sua existência, como se o caminho da vida fosse o caminho rumo a Si mesmo. Mas, "para encontrar essa totalidade que, não obstante, existe desde o início, o ser humano precisa de tempo. É justamente nisso que consiste a ilusão do tempo: o homem precisa de tempo para descobrir aquilo que ele sempre foi", diz Thoward Dethlefsen em seu livro A Doença Como Caminho. Isso é Evoluir.
A Evolução é
a compreensão consciente de um padrão sempre presente cujo processo é trilhado
com acertos, mas também com erros e dificuldades que muitas vezes não queremos
ver, são as nossas sombras. A sombra nos mostra sua presença justamente no sintoma da
doença. Às vezes, um sintoma nos tira de situações que não conseguimos sair de
outra forma. São os ganhos secundários. Por exemplo, podemos observar em uma
pessoa com sintomas de tensão na coluna cervical, dores de cabeça e tonteira, uma
importante oportunidade para que ela manifeste sua vontade de não mais obedecer
e de ser ela mesma, de fazer o que quiser fazer sem medo de não ser amada.
A Criação é
perfeita e tudo o que ela nos apresenta tem sua importância para nossa evolução
e autoaperfeiçoamento, pois temos em nós mesmos todas as possibilidades. Possibilidade de encontrar o equilíbrio,
viver em harmonia, de se curar.
Por
analogia, podemos ver o que nos mostra a natureza na própria existência do Lótus, o
lótus que sai do lodo. O lodo é feio, imundo, pode cheirar mal, entretanto, o
lótus é perfumado e belo. A vida comum pode ser assim como o lodo e você pode
se tornar um lótus; essa possibilidade está ali escondida dentro de você. E o
lodo também pode ser transformado tornando-se um lótus; da mesma forma que o
sentimento de raiva pode se transformar em compaixão e a mente ruidosa pode se
transformar em um som celestial. Tudo o que se tem e que parece negativo pode
ser transformado, basta DECIDIRMOS e olharmos atentamente para os recursos externos
de que dispomos para nos auxiliar, mas, principalmente,
para nossos recursos internos.
Por fim, a
doença obriga o ser humano a permanecer no caminho rumo à sua Essência. E a
cura só é possível se tomarmos consciência e integrarmos os aspectos ocultos de
nós mesmos, nossas sombras. Assim, podemos descobrir o que nos falta e o
sintoma perde sua importância, pois o objetivo da cura é a Totalidade, é que o
ser humano descubra seu verdadeiro Eu, uno com tudo o que existe. Por essa
razão, a Doença é do Bem!
N a m a s t e!