2. Adambhitvam: é quando a pessoa se aceita como ela é e não busca mostrar algo que não é. Dambhitvam é a atitude de se apoiar em méritos falsos ou imaginários (adambhitvam é o contrário). O problema é que isso cria uma tensão insuportável dentro da pessoa. Deixar de fingir é uma virtude, assim nos livramos dessa tensão e ficamos naturalmente mais tranquilos."
3. Ahiṁsā: Consiste em cultivar a não-violência em palavras, pensamentos e atitudes. Existem duas dimensões na prática da não-violência: a pessoal, a maneira com que cada um se relaciona consigo mesmo, e a social, a maneira em que vivemos a vida na sociedade; sendo que a segunda dimensão depende diretamente da primeira. Sem uma prática sólida de não-violência não há crescimento emocional."
4. Kṣānti (quichánti): É a capacidade de se adaptar, uma atitude positiva que não significa resignação. Segundo o swami Dāyānanda, "A atitude de kṣānti significa que eu, alegremente, calmamente, aceito aquele comportamento e aquelas situações que não posso mudar. Desisto da expectativa ou exigência pela mudança de outra pessoa ou situação, de forma a se moldar ao que penso ser agradável para mim. Eu me acomodo às situações e às outras pessoas alegremente".
5. Arjavam: É o alinhamento entre o pensamento e a palavra, ou entre a palavra e a ação, assim sendo, consiste em ser fiel aos próprios valores. É uma das formas de satya (veracidade).
Quando essa atitude está ausente em nós, pensamos uma coisa, falamos outra e fazemos outra ainda diferente, nossa vida torna-se fragmentada. Ao evitarmos esta "desconexão", nos tornamos pessoas mais tranquilas e dignas da confiança dos demais.
6. Acharyopasanam: Na antiga cultura védica, o professor é chamado de acharya (ou guru). A tradução de Acharyopasanam seria "meditação sobre o professor", uma prática contemplativa em que o estudante se identifica com as virtudes daquele lhe ensina. E o acharya transcende os limites da sua individualidade, no sentido de que, enquanto ensina, ele representa a própria tradição.
7. Śaucam: A tradução de śaucam é purificação, que deve ser externa (bahyaśaucam) e interna (antaḥśaucam). A purificação externa refere-se à limpeza e higiene do corpo físico, não somente da parte exterior mas igualmente da parte interior, como os tratos digestivo e intestinal, purificação da garganta e as vias aéreas respiratórias, entre outros.
No aspecto interno, refere-se ao psiquismo e preconiza que devemos cultivar atitudes e pensamentos elevados, evitando que a mente derive para o derrotismo ou que centre excessivamente em pensamentos negativos.
8. Sthairyam: Uma boa tradução de sthairyam é firmeza de propósito. É a capacidade de manter o foco no momento presente e no estado de tranquilidade. É a firmeza no objetivo daquilo que me proponho realizar, desta forma, evitando a dispersão que faz com que nossa vida ganhe em significado e tranquilidade.
9. Ātmavinigraha: Neste contexto, a palavra ātma significa a mente e vinigraha, o comando. Portanto, ātmavinigraha é a possibilidade de manter um comando sobre o pensamento, evitando que a mente vagueie e saia do foco daquilo que estamos fazendo. É uma capacidade de se manter concentrado a cada momento, e não uma atitude repressiva ou uma obsessão por controlar aquilo que se pensa.
Ao adquirirmos a capacidade de escolher conscientemente o que pensamos, nossas ações tornam-se naturalmente conscientes.
10. Indriyartheśu vairāgyam: indriyartheśu é tudo o que está relacionado aos órgãos sensoriais, vairāgyam significa desapego. Portanto, trata-se do reconhecimento objetivo dos valores das pessoas, dos relacionamentos e dos objetos sem projetar neles algo que não lhes seja intrínseco.
Desapegar-se não é fugir de pessoas e objetos mas relacionar-se com eles corretamente, reconhecendo que em mim mesmo está a plenitude sem buscar nas pessoas ou objetos a solução para as minhas carências.
11. Janma mŗtyu jara vyādhi duḥkha dośa anudarśanam: Esta longa composição de palavras começa por janma, que quer dizer nascimento, e mŗtyu, que significa morte. Na sequência, temos jara-vyādhi-duḥkha-dośa, que significam velhice, doença, sofrimento e limitação respectivamente, ou seja, as situações que enfrentamos entre o nascimento e a morte. E finalizando vem anudarśanam, que se define por “ver repetidas vezes”.
12. Aśakti: śakti significa poder, mas também quer dizer "segurar firmemente". Aśakti é o contrário, é abrir mão, relaxar. É nos tornar cientes de que não somos donos de nada nem de ninguém. É nos lembrarmos de que a Terra e tudo o que ela sustenta já estava aqui antes do nosso nascimento e nada levaremos daqui na hora da morte. É a ausência de apego à ideia de posse!
13. Anabiśvasaṅgaḥ putra-dara-gŗha-adiśu (filhos-cônjuge-casa-coisas e pessoas queridas respectivamente):
15. Nityam samachittatvam iśtaniṣṭopapattiṣu:
Samachittatvam é ter equanimidade (comportamento equilibrado) ao receber aquilo que se aprecia e aquilo que não se aprecia. Onde sama quer dizer equilíbrio e chittatvam significa os humores, estados de espiríto.
Iśtaniṣṭopapattiṣu é uma expressão usada para designar o conjunto de coisas desejáveis e indesejáveis.
Portanto, nityam samachittatvam iśtaniṣṭopapattiṣu é um valor que nos ajuda a compreender toda e qualquer circunstancia externa, mantendo esse estado de equilíbrio. A estabilidade mental e emocional constantes é o foco do karma yoga, é o verdadeiro estado de Yoga.
16. Mayi ca ananya-yogena bhaktiḥ avyabichāriṇī:
Ananya-yoga é a consciência da não-separação, compreendendo que o Todo (Īśvara) não está separado de mim (indivíduo), que eu nunca estive nem estou longe de Īśvara. Numa segunda interpretação, Īśvara representa minha segurança, inspiração, abrigo, como um refúgio.
Desse processo de confiança, nasce a mente preparada para perceber e viver a não-dualidade.
17. Vivikta-deśa sevitvam
Vivikta significa um lugar solitário.
O valor pelo lugar tranquilo não é um fim em si mesmo, pois sabemos muito bem que podemos nos estressar em uma ilha paradisíaca ou no lugar mais lindo do planeta. Sair oportunamente para passar um período em um lugar isolado faz com que o pensamento fique mais harmonioso, as emoções mais calmas e a mente mais predisposta a refletir e compreender a verdade sobre si mesmo. Isso produz uma espécie de moldura mental e nos renova.
18. Aratiḥ janasamsadi
Literalmente, o significado de aratiḥ janasamsadi é: ausência de grande desejo por companhia.O que pode nos remeter à palavra solidão, que muitas vezes parece associada ao sofrimento que surge quando algupem busca uma companhia e não encontra. Ou seja, solidão seria um isolamento imposto por uma situação ou pela incapacidade de estar bem consigo mesmo. Entretanto, este valor é o estado de recolhimento voluntário quando o indivíduo percebe que é boa companhia pra si mesmo, porque está em PAZ. Sendo assim, retrata a realidade do yogui que não foge da companhia do outro, mas também não busca se relacionar compulsivamente, pois não necessita preencher carências de nenhum tipo.
É uma disposição para a solitude que não significa desprezo pela companhia do outro, mas a ausência de busca desse convívio com a razão de sua existência e, muito menos, a própria felicidade.
19. Tattva-jñana-artha-darśanan
Tattva significa verdade; jñana é Conhecimento; artha significa propósito, e darśanan é a visão. Assim, tattvajñanaarthadarśanan significa ter em vista o propósito do conhecimento da verdade. É manter como propósito fundamental da vida o autoconhecimento, reconhecendo que são somos diferentes nem estamos separados da Realidade. Qualquer busca humana é, basicamente, uma procura pela libertação, mas, não sabendo disso, a maioria das pessoas busca em lugares onde a libertação não está disponível e mantêm suas metas focadas na obtenção de determinada segurança e prazer. Coisas limitadas não podem produzir ilimitação (mokśa=libertação). Dessa forma, esse valor aponta para não perdermos de vista o autoconhecimento como meta prioritária, de forma que esses outros objetivos menores de nossas vidas não nos desviem da prioridade essencial.
20. Adhyātma jñāna nityatvaṁ
Esse valor representa uma disposição contínua para o autoconhecimento, é um valor que nos ajuda a lidar adequadamente com o meio de conhecimento peculiar chamado Brahmavidyā (ou o conhecimento do Absoluto, o autoconhecimento).
Adhyātma é aquilo que é centrado no ātma (no Ser), jñāna é conhecimento e nityatvaṁ significa um estado de espiríto constante, não variável. Assim, Adhyātma jñāna nityatvaṁ significa nos mantermos constantemente atentos e conscientes do Ser que realmente somos. Pois não atingimos a liberação simplesmente meditando ou sentandos sob uma árvore esperando que ela aconteça, para isso, é necessário um meio de conhecimento adequado.
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